Crise nas infinitas terras

21 agosto, 2010

Quem era adolescente na década de 1980 e fã de histórias em quadrinhos, vai se lembrar de uma série da DC Comics que durou exatamente 12 edições no ano de 1986. O que consistia  essa saga? Era uma forma da DC eliminar o Multiverso que ela própria criou para poder comportar todos os heróis que ela possuia na época.

Desta forma, ela simplificava suas histórias, pois existiam a Terra 1, Terra 2, Terra 3 e 4, Terra S, X e Prime, entre outras. E seus super heróis, viviam vagando entre essas terras, confundindo a cabeça do leitor.

Pois então, é desta forma que eu me encontro hoje na minha fé. Em crise nas infinitas terras. O que seriam essas infinitas terras no conceito de fé? A Confusão teológica que a Igreja institucional vive, banaliza e populariza. Não sou descrente da função primordial da Igreja como corpo. Da necessidade de congregar e fazer parte de uma comunidade. Mas hoje são tantas e diversas pregações e congregações, que criam uma confusão na mente dos membros. As igrejas passaram a ser, cada uma delas, uma terra. Um universo paralelo, com seus heróis (pastores), vilões (pecado) e super poderes próprios ( ministérios).

Faço minha a pergunta/resposta que Pedro dá a Jesus: ” Para onde iremos nós, Senhor, se só tu tens a palavra de vida eterna?”. Para onde ir? Onde encontrar um corpo físico que represente (ou que pelo menos tente) o corpo espiritual e universal de Jesus? Onde posso exercer  minha fé, como irmão e parte de uma comunidade que não apenas me compreenda, mas que me ajude a alcançar a vida de díscipulo, para que eu possa ajudar outras pessoas a atingirem o mesmo alvo?

Onde eu posso ser aceito como sou, sem ser julgado e condenado por um júri sem valor penal? Onde posso receber um abraço, simples e caloroso, amável, como recebi um dia de Jesus?

Onde eu posso encontrar pessoas que tenham em seus rostos, escrita a palavra “sim”, ao invés de “não”?

Como disse certa vez, Bono Vox em uma carta para seu pai: ” se eu encontrasse uma comunidade que soubesse repartir o pão, ai sim, eu faria parte dela” , seria algo mais ou menos assim. Repartir, dividir, doar… eu preciso aprender isso, eu também não sei.

Ainda continuo na crise. Espero que chegue logo a Aurora dos tempos…

O cristianismo foi criado por Deus para ser apenas uma religião que traga conforto ao homem, fazendo dele apenas um participante manipulável por pregações ufanistas, vitoriosas e sem fundamentos morais e espirituais, onde não precisamos exercitar a fé, ou mesmo que a tenhamos, mas de maneira utópica e infantil conduzimos nossa vida de forma interesseira e centrada em nós mesmos;

Ou seria o cristianismo, em essência, algo que confronta as motivações humanas e das organizações, mostrando o quão podre nós somos, sem a participação em nossas vidas de maneira coletiva e única da Trindade, onde, por momentos de questionamentos e crises, sermos transformados para questionar outros homens e a própria sociedade, sobre seus valores?

Será que se agirmos assim, seremos realmente populares e bem aceitos?